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DEPENDÊNCIA

DEPENDÊNCIA: "CARE", "CURE"
......apesar da maioria das pessoas idosas não ser doente nem dependente, com a idade aumenta a probabilidade de se desenvolverem em simultâneo várias patologias, de tipo degenerativo ou de evolução prolongada, que conduzem com o decorrer dos anos, a alguma dependência de carácter físico, mental ou social.
(Documento Ganhos em Saúde 2001, Direcção Geral de Saúde, Ministério da Saúde)

A dependência pode ocorrer em todas as idades. Mas apresenta maior prevalência quando a idade aumenta, porque o envelhecimento favorece o aparecimento e desenvolvimento de patologias que por sua vez são geradores de diferentes tipos e níveis de dependências.

Existem diferentes tipos de dependência (física, psíquica, económica, social), que se inter-relacionam. Dentro de cada tipo de dependência, existem graus de dependência, que irão definir o tipo e a intensidade dos cuidados a prestar: 

 

  • No domicílio;

  • No equipamento de centro de dia/centro de convívio/centro de apoio a dependentes;

  • No equipamento residencial em que a pessoa se encontre alojada (lar, ou unidade de prestação de cuidados continuados.


O grau de dependência duma pessoa pode ser avaliado directamente e por recurso a “escalas de avaliação”, matéria que será tratada noutro artigo do portal.

Os cuidados a prestar a pessoas com dependência variam consoante o grau de dependência da pessoa, podendo agrupar-se em dois grandes grupos: serviços de apoio pessoal e social (care) e serviços de prestação de cuidados de saúde ( cure).


O recurso à terminologia inglesa (care e cure), tem a ver com uma maior facilidade de identificação da natureza dos cuidados: uns mais da área de apoio pessoal e social ( care) e outro mais especificamente da área da saúde ( cure).

Na área do “care”, podemos distinguir três grandes subgrupos de serviços:

 

  • Serviços de apoio geral e natureza comunitária, englobando serviços de reparações, manutenção, e transporte;

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  • Actividades instrumentais da vida diária (AIVD): ir às compras; preparar refeições; tomar conta da casa; tomar conta das finanças domésticas; atender e servir-se do telefone; sair de casa e passear;

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  • Actividades da vida diária (AVD): tomar banho; vestir e lavar-se fazer a sua higiene; alimentar-se; movimentar-se.


Na área do “cure”, estão englobados cuidados especializados, de enfermagem, reabilitação e terapia ocupacional, bem como cuidados médicos.

A identificação dos tipos de cuidados a prestar, consoante as características das pessoas que necessitam de apoio, é variável segundo o grau e o tipo de dependência; por isso deve-se proceder de uma forma bem individualizada, de modo a que não se providencie uma carga de apoio superior ao que a pessoa necessita. Está provado que um apoio em excesso desenvolve uma atrofia da capacidade de desempenho da pessoa, que a vai inibindo progressivamente de realizar por si um número crescente de tarefas (use it or loose it), pelo que o apoio deve ser fornecido da forma adequada às necessidades evidenciadas, preservando-se ao máximo a estimulação do próprio a realizar por si um máximo de actividades, com vista à preservação da respectiva auto-estima, liberdade e autonomia. 

O local onde são providenciados os cuidados, deve ser objecto de uma escolha criteriosa, de molde a garantir-se:


- Que seja feita uma avaliação correcta do grau de dependência;


- Que seja assegurado um plano de cuidados compatível com os objectivos a alcançar, em matéria de reabilitação e autonomia;


- Que o equipamento disponibilize o apoio necessário à prossecução dos objectivos definidos, tendo em conta o tipo de assistência necessária.

A duração da prestação de cuidados varia, podendo ocorrer por períodos curtos (períodos de convalescença em cuidados pós agudos ou após um episódio de doença que exija um reabilitação com vista ao alcance da autonomia possível) ou por períodos mais longos ou mesmo com carácter permanente, quando o tipo da doença reveste a natureza de doença crónica ou incapacitante.

A prestação dos cuidados pode ser efectuado por familiares (prestadores de cuidados informais), por voluntários ou por profissionais, ou no domicilio da própria pessoa, ou em equipamentos especializados, funcionando em regime ambulatório (centro de dia, centro de convívio) ou em regime de internamento (organizações classificadas como lares , residências, hospitais residenciais, residências assistidas…).

De qualquer modo, é normal e desejável que exista alguém da esfera familiar – quando o próprio já não esteja em condições de o fazer - que pelas suas características pessoais, pela sua disponibilidade ou por qualquer outra razão acaba por se identificar naturalmente como o “cuidador responsável”.

Essa pessoa encabeça e torna-se responsável pela organização dos cuidados ou pela sua prestação efectiva, consoante as circunstâncias, e a autonomia da pessoa apoiada. 

E não é demais salientar a importância dos suportes de apoio que é necessário assegurar aos prestadores de cuidados informais, com vista a ajudá-los a suportar a sobrecarga que sobre eles recai, quando assumem a responsabilidade dos cuidados.

A maioria dos ”prestadores de cuidados informais” não está preparada para defrontar os problemas com que se vai deparar no decorrer do apoio que vai ter de providenciar.
Por outro lado, a mudança das condições sociais e familiares de apoio, tem-se traduzido numa crescente indisponibilidade das famílias para cuidar dos seus idosos, doentes e dependentes. Os cuidados informais, antes prestados pelas famílias de uma forma humanizada e próxima, vão cedendo progressivamente o lugar a respostas afectivamente mais distantes, muitas vezes com recurso a soluções de internamento. É necessário tomar-se consciência das dificuldades da família, na sociedade actual, em providenciar um apoio de 24horas, nos seus domicílios, a familiares muito dependentes. 
E se por um lado se torna indispensável munir os familiares e seus colaboradores próximos (prestadores de cuidados informais) de apoio, formação e informação, de forma a assegurar o apoio em casa até o mais tarde possível, também é verdade que se torna necessário o recurso a equipamentos especializados, nomeadamente a nível de cuidados continuados e paliativos.

É necessário que os equipamentos assegurem respostas efectivas, eficazes e humanizadas aos problemas que afectam as pessoas dependentes que recorrem à solução de internamento, num quadro de respeito pela Dignidade, Privacidade e Respeito pelas pessoas e pela Vida.

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